quarta-feira, 11 de junho de 2008

Criativa 2007 e Criativa 2008 – Bloom Graphics/ Impresa

Em final de Maio decorreu a segunda edição da conferência Criativa organizada pela Bloom Graphics do grupo Impresa. Os responsáveis pelo evento convidaram-me de novo para fazer uma apresentação sob o tema novas plataformas. Este ano deram 60 minutos para a tarefa: a minha primeira reacção foi de preocupação, já que 60 minutos são demasiado tempo para uma apresentação numa conferência. Como tornar isto interessante e evitar que seja uma seca, para mim e para quem lá estiver? Tarefa nada fácil, com a agravante de ser uma sexta-feira. Assim, toca a passar sábados e domingos e mais tempo livre a preparar a coisa: no processo o meu Mac teve um colapso, eu quase que tinha um colapso devido a este colapso, mas ainda assim consegui concluir o trabalho a tempo.

Se em 2007 optei por um modelo mais didáctico, sobretudo baseado em exemplos curtos de projectos de TV digital e de cross-media/ multi-plataformas, já este ano a minha opção foi a de levantar algumas questões importantes que interessam aos diferentes actores envolvidos no processo da convergência dos media em Portugal. Assim, optei por me concentrar nas relações entre as pessoas – gestores, criativos e audiências -, em vez de colocar o foco nas tecnologias ou em exemplos de projectos multi-plataformas. No entanto, na conferência de 2007, a coisa correu bem melhor do que este ano. Ao longo dessa apresentação senti que a assistência – que talvez fosse o dobro ou mesmo o triplo deste ano - estava genuinamente interessada no tema e disponível para aprender. No final tive oportunidade de trocar impressões com alguns dos presentes e, de facto, a sua reacção foi muito positiva.

Já em relação à última apresentação, comecei por dizer que é complicado ser simples, citando Amália. Na verdade, é mesmo muito complicado ser simples, sobretudo quando se trata de converter a complexidade de um trabalho de investigação de 600 páginas para 60 minutos. Como se não bastasse, do lado de lá estava uma assistência pouco pontual - o dia devia ter começado às 10h00 e começou depois das 10h45 - e aparentemente um pouco “blasé”.

“It takes two to tango” - o mesmo é dizer que se quem está do lado de lá aparenta ter pouca disponibilidade mental para aprender algo de novo ou ver um assunto conhecido de diferentes perspectivas, então o mais provável é que quem está do lado de cá fique com a sensação de estar a deitar “pearls before pigs”… Talvez a apresentação tenha sido demasiado académica. Mas se calhar deveria ter sido ainda mais académica e ter deixado cair alguns dos exemplos bem-humorados com os quais polvilhei a apresentação. O assunto era sério e provavelmente requeria que não houvesse humor. A intenção principal era que as pessoas na assistência saíssem de lá com matéria para pensar durante os próximos tempos - tempos que não vão ser fáceis para quem trabalha em empresas de media. Fica aqui a apresentação do ano passado (em vídeo) e a apresentação deste ano (em powerpoint, uma síntese de 30 de Maio).

Nota: fiquei surpreendida por ninguém na assistência da Criativa 2008 ter afirmado conhecer o filme Network de Sidney Lumet – afinal, trata-se de um clássico do cinema moderno americano sobre o mundo da televisão, galardoado com quatro Oscars e com nomeações e vitórias nos Golden Globes e nos BAFTA. Enfim, pode não querer dizer nada mas também pode querer dizer alguma coisa sobre as referências culturais de quem lá estava. Mas se calhar estou a ser snob… sempre é melhor do que ser blasé… acho eu…

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